O Marítimo esteve perto do empate aos 89 minutos. Na resposta, o Racing Power dilatou a vantagem e venceu por 2-0.
As Leoas do Almirante Reis regressaram ao Caldeirão dos Barreiros para novo duelo da Liga BPI. Nesta 4ª jornada, a formação orientada por Albano Oliveira recebeu o Racing Power, equipa que se estreia, esta época, na principal liga feminina do futebol português. O Maritimismo, de novo, ouviu o apelo e acorreu ao altar do futebol madeirense para a saudação verde-rubra. Logo à entrada das Leoas, o Caldeirão rugiu numa ovação arrepiante. 1137 espectadores nos Barreiros. O Marítimo a desbravar novos horizontes no futebol feminino.
As três equipas – Marítimo, Racing Power e equipa de arbitragem – associaram-se ao “Outubro Rosa”, movimento global que visa combater o cancro da mama e fomenta a prevenção contra um drama que, tantas vezes, se transforma em tragédia. Hoje, 15 de Outubro, o “Outubro Rosa” vive uma data especial, o Dia Mundial do Cancro da Mama.
Albano Oliveira introduziu uma alteração na equipa que empatou a 2 bolas frente ao Torreense. Lesionada, Telma Pereira cedeu o seu lugar a Telma Encarnação, a nossa pérola do Atlântico que recuperou da mazela que a afastou dos últimos dois jogos. O primeiro lance de relativo perigo pertenceu ao Marítimo. Laura Luís sofreu falta à entrada do meio campo ofensivo das forasteiras. Sofia Silva executou o livre, procurou Telma na área e a melhor jogadora portuguesa cabeceou para defesa de Bihina. O Racing respondeu com um ataque que atormentou Bárbara Santos, mas a defensiva verde-rubra conseguiu afastar. De notar o grande poderio físico desta equipa liderada por João Marques, com algumas atletas estrangeiras que apresentam grande robustez e altura.
Brilhante diálogo ofensivo do Marítimo aos 8 minutos. Nicole Nunes, sempre muito solidária no meio-campo, recuperou a bola, combinou com Lara Luís e a internacional portuguesa convocou Telma Encarnação para o perigo. Antecipou-se no derradeiro momento, a central do Racing. Insistiu o Marítimo, cruzamento do lado direito e Telma, à meia-volta, a rematar por cima. Empolgava-se o Caldeirão.
O Racing apostava muito nos cruzamentos para a área verde-rubra, tentando beneficiar do arcaboiço físico de Holly O’Neill, a 9 canadiana. Depois de alguns calafrios para o último reduto verde-rubro, a equipa voltou a soltar-se, respirou melhor e Telma, aos 18, disparou fortíssimo, com a bola a abalroar o rosto da gigante norte-americana Jenna Tivnan. Combalida, necessitou de algum tempo para recuperar. A verdade é que a norte-americana impediu o que poderia ter sido outro golo antológico de Telma Encarnação.
Nicole Nunes, inexcedível, voltou a recuperar uma bola à saída da área forasteira, conquistou a linha de fundo e executou cruzamento perfeito para Érica Costa. Ao segundo poste, a esquerdina tentou assistir Laura Luís. Não foi egoísta, mas poderia ter sido. Costa estava em bela posição para alvejar as redes de Bihina.
30 minutos de jogo, Racing com mais posse, alguns remates perigosos, pressão muito forte sobre a portadora da bola. Jogo muito físico do Racing, o que é natural tendo em conta as características da maioria das suas atletas. O Marítimo passava dificuldades com o futebol directo do Racing, Albano Oliveira exasperava-se com uma equipa que caía na esparrela do Racing: o Marítimo respondia com futebol directo, longe da matriz que define as Leoas do Almirante Reis. No banco, o treinador verde-rubro procurava corrgir. Os alertas não foram suficientes. Aos 34 minutos, depois de insistência, o Racing inaugurou o marcador. Idoko ganhou ressaltos e, à entrada da área, rematou forte junto ao poste esquerdo de Bárbara Santos.
Reagiu o Marítimo. Aos 38, grande bola de Joana Silva a isolar Telma Encarnação. Tem olhos aquele pé esquerdo de Joana Silva. Telma superou a central, mas Bihina saiu a tempo e segurou. O intervalo chegou com o golo de Idoko a fazer a diferença.
No regresso ao relvado do Caldeirão, Albano Oliveira lançou Catarina Abreu para o lugar de Mariana Jaleca, jogadora que chegou ao intervalo em esforço devido a lesão. O Racing foi a primeira equipa a rematar, mas defesa fácil de Bárbara Santos. Em contra-ataque, Telma Encarnação chamou Érica Costa na profundidade, a esquerdina driblou com classe, ofereceu a Laura Luís que abriu na direita, aparecendo Rebekka a rematar, já com pouco ângulo, para defesa difícil de Bihina. Grande ambiente no Caldeirão, incansável no apoio às Leoas do Almirante Reis.
Jogo muito menos vistoso na segunda-parte, com a bola muito longe das balizas. O Racing, em vantagem, procurava anestesiar o jogo e, com bolas longas, tenta surpreender a defesa verde-rubra. Aos 71, Telma não acerto bem na bola quando tentava isolar Érica Costa. Logo depois, pontapé-livre de Sofia Silva, bola na área, Telma recebe, desvia-se da marcação e atira para golo. Bihina, no entanto, realizou a defesa da tarde e ainda evitou a recarga de Érica Costa. Esteve perto o Marítimo do golo pelo qual o Caldeirão ansiava.
Albano Oliveira voltou a mexer. Aos 77 minutos, saíram Rebekka e Lara Costa, rendidas por Diana Freitas e Clara Nóbrega. Entretanto, Daniella Serrão e Sara Ferreira realizavam exercícios de aquecimento. Muitas paragens por lesões retiraram ritmo ao jogo. No entanto, as Leoas do Almirante Reis continuavam em busca do empate. Aos 89, Laura Luís surgiu isolada, mas o remate, já em queda, foi sustido por Bihina. Na retaliação, o Racing dilatou a vantagem. Contra-ataque rápido e a avançada forasteira, isolada, bateu Bárbara Santos. Desilusão no Caldeirão, logo depois do iminente empate do Marítimo.
Ana Afonso concedeu 6 minutos de compensação, escassos para as inúmeras paragens – e longas – que a partida registou na segunda parte. Tempo ainda para as entradas de Carlota Jardim e de Sara Ferreira para os lugares da dupla atacante do Marítimo, Laura Luís e Telma Encarnação.
Fim do jogo com derrota muito amarga para o Marítimo. Nada que invalidasse a grande ovação com que os 1137 Maritimistas presentearam uma equipa que lutou até ao fim por outro desenlace.