O Marítimo esteve a perder por 0-1, deu a volta. Laura Luís, de bicicleta, marcou um golo candidato ao Puskás e ainda bisou. O Sporting, no entanto, foi mais feliz e venceu por 2-4
A passagem às meias-finais da Taça da Liga discutiu-se no ‘Caldeirão’, com as Leoas do Almirante Reis em busca desse feito inédito na História do futebol feminino do Marítimo. Depois do empate a uma bola em Alcochete, a formação orientada por Albano Oliveira trouxe o veredicto para a Madeira. Pela frente, o Sporting CP.
O Marítimo apresentou-se com Bárbara Santos na baliza, eixo defensivo constituído pela Capitã Paula Fernandes e Sofia Silva, laterais entregues a Joana Silva e Catarina Abreu. No “miolo”, Lara Costa e Nicole Nunes, surgindo Érica Costa e Rebekka nas alas. Na frente, Laura Luís e Telma Encarnação.
A primeira posse de bola pertenceu às verde-rubras, com Telma Encarnação a protagonizar o arranque deste jogo decisivo. E foi a nossa pérola do Atlântico, Telma Encarnação, quem esteve muito perto de inaugurar o marcador aos 4 minutos. Depois de um belo passe, Telma apareceu nas costas da defensiva lisboeta e, isolada, rematou a rasar o poste esquerdo de Carolina Jóia. Na resposta, a espanhola Brenda Pérez também se isolou, mas a “mancha” de Bárbara Santos impediu o golo, desviando para canto.
Grande início de jogo nos Barreiros. Aos 10 minutos, envolvência colectiva do Marítimo desde a esquerda, Laura Luís rodou bem e encontrou Rebekka. Com Telma a “fugir”, a dinamarquesa disparou um torpedo que fez tangente no ângulo superior esquerdo da baliza forasteira. Que momento de belo futebol. Duas grandes oportunidades de golo criadas pelo Marítimo. O Sporting, feliz nos dois lances, foi ainda mais feliz aos 17 minutos. Boa jogada do ataque de Alvaladade e Brenda só teve de encostar.
Brenda, pelo lado esquerdo, continuava a atormentar o último reduto insular. Aos 26 minutos, a espanhola driblou, ganhou a linha de fundo e cruzou, mas Paula Fernandes e Sofia Siva socorreram Bárbara Santos. Aos 31, de novo Brenda a cruzar e Capeta atirou à malha lateral.
Telma Encarnação voltou a aparecer, ao seu estilo, após recuperação de bola de Laura Luís. A número 10 serpenteou entre 3 adversárias, puxou para o pé direito e atirou para defesa a dois tempos de Jóia. Primoroso o trabalho técnico da melhor jogadora portuguesa da actualidade que, aos 38 minutos, sofreu falta dura. Amarelo justo.
Em cima dos 45, Telma Encarnação, com uma visão de jogo notável, isolou Érica Costa. Perante a guardiã, a esquerdina atirou à figura. Mais uma flagrante chance desperdiçada pelas Leoas do Almirante Reis. Catarina Campos, a árbitra da partida, concedeu 4 minutos de compensação e novo susto para Bárbara Santos, quando Maiara surgiu em boa posição, mas atirou por cima. Vantagem ao intervalo para as forasteiras, um resultado lisonjeiro tento em conta as ocasiões de golo criadas pelas madeirenses.
As Leoas do Almirante Reis regressaram ao relvado do Caldeirão sem alterações, incluindo a voracidade de Telma. Logo nos primeiros segundos, remate com o pé esquerdo e grande defesa de Jóia a desviar para canto. Depois, um golo antológico que vai correr Mundo: Érica Costa na cobrança e Laura Luís a criar um monumento: de bicicleta, Laura Luís deixou candidatura ao Prémio Puskás. Que Maravilha, Laura.
O Grande Arte motivou ainda mais as Leoas do Almirante Reis. Aos 53 minutos, Érica Costa e Telma Encarnação poderiam ter oferecido vantagem ao Marítimo, mas ambos os tiros saíram sem a direcção desejada. Mas a ameaça não foi vã. Aos 56 minutos, Telma isolou Laura Luís e a endiabrada “ciclista” não perdoou. O Marítimo em vantagem, o Caldeirão a faiscar.. A temperatura poderia ter aumentado ainda mais quando Telma, aos 61, atirou em arco e fez a bola passar muito perto do ângulo superior esquerdo de Jóia. Na resposta, o Sporting empatou. Bárbara Santos, com uma brilhante estirada, ainda evitou o golo de Jacynta, mas foi incapaz de impedir a recarga. 2-2 no Caldeirão. Tudo empatado na eliminatória, de novo.
O Sporting dispôs de uma grande penalidade, após tentativa de corte por parte de Sofia Silva. Na conversão, Cláudia Neto atirou por cima. Emoções muito fortes no altar do futebol madeirense, com o Marítimo numa luta obstinada pela História. Entretanto, Mariana Jaleca rendeu Catarina Abreu.
Cláudia Neto redimiu-se aos 70 minutos. Cruzamento da direita, recepção orientada e remate à meia-volta que não deu hipóteses a Bárbara Santos. O Sporting, em vantagem no jogo e na eliminatória. Albano Oliveira voltou a mexer. Perto dos 80 minutos, saiu Lara Costa e entrou Liliana Gonçalves. 10 minutos para dar a volta e escrever mais uma bela página na História do Futebol feminino verde-rubro.
Telma Encarnação sofreu um toque e lesionou-se na área do Marítimo, em missão defensiva. Muitas queixas, intervenção da equipa médica e necessidade de recorrer à maca. Preocupação entre as hostes verde-rubras. Incapaz de prosseguir, Carlota Jardim rendeu a número 10.
Catarina Campos concedeu 6 minutos de compensação. O Marítimo procurava o empate, o que permitia mais espaços ao Sporting. Diana Silva, no primeiro minuto do tempo-extra, desferiu um remate fortíssimo ao ângulo da baliza à guarda de Bárbara Santos. Inglório, muito inglório. A crença, no entanto, manteve-se. Laura Luís, isolada perante Jóia, não conseguiu voltar a ser letal. O 3º golo do Marítimo conservaria a esperança que a equipa de Albano Oliveira merecia.
Grande jogo, luta épica, Leoas do Almirante Reis. Obrigado aos quase 800 espectadores que acreditaram até ao fim.