Vitória e exibição categóricas afastaram o Canelas 2010. Euller assinou golo antológico. Bica e Xadas também facturaram
A Prova Rainha do futebol português levou o Maior das Ilhas ao Estádio do Canelas 2010, equipa que milita na Liga 3 e chegou a esta fase após eliminar o GD Chaves. Tulipa promoveu várias alterações no “onze” que procurava o caminho para os oitavos de final da Taça de Portugal. Zainadine voltou à titularidade e capitaneou a equipa, fazendo dupla com René Santos no centro da defesa. Amir também voltou às redes verde-rubras, com China e Tomás Domingos nas laterais. Diogo Mendes e Marcos Silva surgiram no “miolo”, atrás do maestro Xadas. Nas pontas, Francis Cann e Lucas no apoio à lança chamada Bica.
O Marítimo apresentou-se com o seu equipamento tradicional e, como sempre, o Maritimismo disse “presente” em Vila Nova de Gaia. Foi dos anfitriões o primeiro ataque, mas Amir segurou o cruzamento sem dificuldades. Respondeu Xadas com um primeiro ensaio exterior, também sem perigo para João Matos. Aos 5 minutos, o Canelas ameaçou quando o avançado surgiu em boa posição para alvejar a baliza de Amir, mas o remate saiu muito por cima. O Leão do Almirante Reis ripostou com golo. Grande trabalho individual de Lucas pela esquerda, cruzamento primoroso e Bica, ao primeiro poste, antecipou-se aos centrais e cabeceou para o golo inaugural. Segundo golo de Bica pela principal equipa do Marítimo, ambos na Taça. Curiosamente, os dois golos foram assinados aos 7 minutos.
Bica esteve muito perto de bisar na partida logo na jogada seguinte. Pela direita, Bica aproveitou uma falha do defesa, sentou João Matos com simulação de corpo e com a baliza à sua mercê, atirou ao poste. Na recarga, o jovem avançado português rematou para fora. Flagrante oportunidade para dilatar a vantagem. Bica mostrou-se incrédulo, mas na retina fica a pressão exercida sobre o central e o “gingar” que ludibriou João Matos. Bica merecia celebrar.
O Canelas esteve muito perto do empate. Aos 17 minutos, Francisco Sousa apareceu em zona fatal, atirou a contar, mas um brilhante corte de Zainadine impediu a possível festa dos nortenhos. Personalizado o Canelas, tal como havia enfatizado Tulipa: uma equipa com boa ideia de jogo que procura, nas transições, surpreender. Aos 23, os anfitriões, após envolvimento colectivo, tentaram de novo a meia distância, mas Amir controlou. Pouco depois, o Canelas voltou a criar algum desassossego, valendo o corte de Zainadine. Bom jogo de Taça em Vila Nova de Gaia.
Bica mostrou-se, uma vez mais, a João Matos, após assistência açucarada de Xadas. Chegou ligeiramente atrasado o ponta-de-lança português. O Canelas respondeu através de livre-directo, a obrigar Amir a trabalhos junto ao poste esquerdo. Nesta fase do jogo, o Canelas rondava o último reduto insular, com sucessivos cantos e cruzamentos perigosos.
O duelo tornou-se um pouco mais viril. Já no período de compensação da primeira parte – e depois da expulsão de um elemento do staff local -, Bica sofreu falta dura. Amarelo para Simão e livre perigoso para o Marítimo. Xadas e Lucas junto ao esférico, mas foi Xadas a agitar as redes de João Matos. Conversão inapelável. A bola ainda embateu no poste e entrou na baliza local. Vantagem de dois golos ao intervalo para o Leão do Almirante Reis.
O Maior das Ilhas regressou ao relvado sem alterações. O Marítimo conquistou o primeiro canto da segunda parte aos 49 minutos. Xadas executou e René ganhou nas alturas para um cabeceamento que João Matos segurou sem dificuldade, embora o árbitro Gonçalo Neves já tivesse assinalado falta atacante. Francisco Sousa, na execução de livre-directo, procurou a felicidade, mas Amir limitou-se a golpe de vista.
Lucas Silva, aos 57, recuperou a bola e iniciou um “sprint” de costa a costa, antes de cruzar para o segundo poste. Afastou para canto o defesa anfitrião. Imparável o extremo brasileiro. O Canelas, no entanto, procurava reduzir e apostava nas bolas longas para a área de Amir, conquistando cantos que a defesa verde-rubra resolvia com autoridade. Depois de Amir ser adomestado com amarelo por retardar a reposição da bola em jogo, o Marítimo acercou-se com muito perigo da baliza de João Matos. Xadas recuperou na primeira fase de construção local, ofereceu a Lucas e o brasileiro tentou assistir para o terceiro, mas surgiu corte que originou remate de ressaca de Diogo Mendes. Entrentanto, Euller foi chamado a jogo e rendeu Cann.
Meia hora para jogar, vantagem de dois golos para os homens de Tulipa. O Canelas aproximou-se do golo aos 65 minutos. Bola na profundidade para o possante Tigrão que escapou aos centrais, Amir saiu dos postes e fez uma “mancha” que encurtou o ângulo, fundamental para forçar uma finalização defeituosa. O Marítimo retaliou com Xadas a assistir Bica. O autor do golo inaugural disparou fortíssimo, mas João Matos opôs-se com uma grande intervenção.
O técnico do Canelas arriscou tudo e lançou homens para a sua frente de ataque. Alex Tanque testou a atenção de Amir com um potente tiro à passagem dos 70 minutos. Tulipa respondeu com as entradas de Noah Françoise e de Carlos Parente. O jovem ponta-de-lança brasileiro de regresso às opções de Tulipa após longa paragem por lesão. Ainda antes das substituições, e após canto, Marcos Silva, em remate acrobático, acertou no poste direito da baliza local. Foi a última intervenção de Marcos Silva no jogo, autor de uma grande exibição. O médio cedeu o seu lugar a Noah, o mesmo sucedendo a Bica, rendido por Carlos Parente. Marcos e Bica em grande neste jogo da Taça de Portugal.
Euller mostrava serviço. Recebeu, rodou, escapou a dois defesas e foi derrubado. Livre para o Marítimo em posição privilegiada para a criação de uma obra de arte. Euller Silva, quando se esperava que fosse Lucas Silva a executar, calibrou a mira do pé esquerdo e encaixou a bola no ângulo superior direito de João Matos. Antologia em Vila Nova de Gaia. Passagem aos oitavos de final decidida aos 77 minutos.
Empolgado, o Leão do Almirante Reis poderia ter assinada o 4º golo, quando Carlos Parente se isolou e João Matos foi gigante a fechar a baliza. Tulipa voltou a mexer. Entraram João Tavares e Val Soares para as saídas de Xadas e de Diogo Mendes. Val Soares de regresso à competição.
Gonçalo Neves expulsou Carlos Parente aos 85 minutos num lance que as imagens não esclarecem. O Marítimo reduzido a 10 a 5 minutos dos 90. Inconsolável o brasileiro. Na compensação, o Canelas 2010 marcou o golo de honra, com Afonso a bater Amir.
O Marítimo segue em frente na Taça de Portugal. Que venham os Oitavos.
Obrigado, Maritimistas, pela irredutível escolta ao Leão do Almirante Reis.