Alex Bunbury, “o Alex do Maritimo”. Proferir esta frase é garantia de arrepios entre os maritimistas que, na década de 90, assistiram ao Marítimo das epopeias, uma lança letal apontada a qualquer adversário, com Alex na ponta afiadíssima. Lenda-viva do Maior das Ilhas, o antigo internacional canadiano está de volta a casa. No Domingo, o eterno 9 será reforço no apoio ao “melhor clube do mundo”. E entre os “melhores adeptos do mundo” no ‘Caldeirão’, epíteto para o qual contribuiu com exibições e golos inesquecíveis.
9 de Maio de 1995, Club Sport Marítimo X FC Porto, ‘Caldeirão dos Barreiros’. Em causa a conquista de uma presença inédita no Jamor. 21 minutos, Carlos Jorge lança Soeiro na direita. Sob a pressão de um defesa, Soeiro sabe que Alex está à caça dentro da área. A legião verde-rubra também. Os defesas do FC Porto também. Todos sabiam, mas nada podia suster Alex. O canadiano, nascido na Guiana, antecipa-se ao central dos dragões e, junto ao primeiro poste de Vítor Baía, desvia para atear o rastilho do ‘Caldeirão’. Golo do Marítimo, o Jamor mais perto. Até ao fim, uma exibição colectiva a honrar este povo que sabe lutar. Na baliza, o milagreiro Ewerton protagonizou defesas absolutamente inacreditáveis. Quem viu, sabe: é difícil, para qualquer guardião, superar aquele desempenho. Para Alex, “provavelmente a melhor performance de um guarda-redes na História do Futebol”. Assinamos por baixo ainda a tremer de emoção. O Marítimo estava na Final da Taça de Portugal, o corolário de uma temporada indelével. Em Outubro de 1994, na Taça UEFA, acentuámos as rugas da ‘Vecchia Signora’, capitaneada pelo melhor jogador do mundo na altura: “Il divin codino’, Roberto Baggio.
O golo de Bunbury, naquela noite de Maio, só prolongou a eternidade de Alex no coração dos maritimistas. Se for possível ir além da eternidade, entenda-se, Alex Bunbury está lá. Desde a estreia a rugir, a 18 de Dezembro de 1993, até Maio de 1999, Alex foi Leão do Almirante Reis durante 217 partidas. De acordo com os registos minuciosos de Élvio Faria, escudeiro da nossa História, Alex assinou 77 golos pelo Marítimo em todas as competições, incluindo jogos particulares. A 9 de Janeiro de 1994, frente ao União da Madeira, Alex abriu a contagem da imortalidade. Dois golos, os primeiros de uma odisseia que elevou o canadiano ao estatuto de melhor marcador do Marítimo na elite do futebol português. A 23 de Maio de 1999, frente ao Alverca e em pleno altar do futebol madeirense, Alex despediu-se dos relvados portugueses com mais um golo. Quase 24 anos depois, Alex continua a aparecer ao primeiro poste para atear o Caldeirão. Nas preces, pelo menos. E no sonho de todos quantos viram Alex agitar as redes como quem, na alvorada, desfralda a bandeira de um povo que nunca se verga.
Welcome back home, Alex.