Marítimo esteve a perder por 0-2, chegou ao empate e só grandes defesas de Ricardo impediram a vitória que seria justa.
Tarde de sábado efervescente no Caldeirão. O Maior das Ilhas recebeu o CD Tondela. O Maritimismo, como sempre, respondeu à chamada para a romaria até aos Barreiros. Antes do jogo, René Santos foi homenageado pelo Presidente Rui Fontes por ter alcançado – e superado – a marca dos 100 jogos a rugir pelo Leão do Almirante Reis. De assinalar, também, a entrada das equipas com camisolas rosa, em alusão ao “Outubro Rosa” e a luta premente contra o Cancro da Mama. O Futebol como catalisador de mensagens sociais.
Tulipa regressou ao “onze” base após a rotatividade que se verificou na vitória frente ao Mortágua FC, na Taça de Portugal. Samu na baliza, laterais entregues a Igor Julião e a Vítor Costa. No centro da defesa, os totalistas no campeonato: Matheus Costa e Dylan Collard. Noah Françoise e Diogo Mendes surgiram na zona de transição, atrás do Capitão Xadas. Nas alas, Francis Cann e Lucas Silva, com Platiny na ponta-da-lança verde-rubra.
Foi o Leão do Almirante Reis a fazer girar a bola, após o apito inicial de Flávio Duarte. Logo aos 3 minutos, o Marítimo recuperou a bola na sua zona defensiva, Diogo Mendes lançou o contra-ataque, combinou com Lucas que encontrou Platiny descaído pela esquerda, já dentro da área. O ponta-de-lança simulou, puxou para o pé direito e atirou rasteiro e forte. Grande defesa de Ricardo. Notável e notória a velocidade dos homens de Tulipa na exploração de espaços.
Flávio Duarte abriu a contagem disciplinar ao admoestar o Capitão Aba por falta dura sobre Lucas, após uma “tabelinha” bem trabalhada aos 7 minutos. Jogo retomado e Lucas Silva, num trabalho brilhante, a esgueirar-se ao defesa e a atirar um míssil que deflagrou na barra de Ricardo. Um primor técnico que merecia a primeira grande erupção do Caldeirão. Aos 12, bola na direita em Cann, o ganês procurou espaço para rematar e fê-lo, mas a bola sofreu um desvio em Platiny e por pouco não traía Ricardo. Muito trabalho para o guardião auri-verde nestes minutos iniciais.
O Tondela procurava rechaçar a pressão e conquistou o primeiro canto da partida aos 14 minutos, depois de rápida transição pela direita. Sem perigo para Samu e retaliação imediata, com Lucas e Cann como flechas pela esquerda, mas foi lesto o Tondela a recuperar terreno e a fechar caminhos.
Desde muito cedo, o Tondela mostrou que queria “congelar” o jogo. Muito tempo para repor a bola em jogo, muitas quedas em busca de faltas inexistentes. Aos 23, Diogo Mendes viu o amarelo. Surtiu efeito a fórmula. O mesmo entendimento não teve Flávio Duarte quando Platiny foi manietado quando já escapava ao central. Critérios.
O Tondela esteve muito perto do golo após jogada individual de Luan Farias. Valeu a grande defesa de Samu Silva. Na recarga, e com Samu a tentar recuperar a posição, o remate dos tondelenses rasou a barra. Alerta beirão numa fase muito quezilenta do jogo.
Lucas, sempre muito dinâmico pela esquerda, protagonizou dois belos lances, com Platiny e Vítor Costa envolvidos. No entanto, os cruzamentos não saíram bem calibrados. Aos 36, de novo Lucas a ganhar na velocidade e a cruzar para Platiny. No derradeiro momento, e quando Platiny já ajustava a mira, o central desviou para canto. Subiram as torres verde-rubras até à área de Ricardo, mas o Tondela conseguiu afastar com maior ou menor dificuldade. 40 minutos, muito mais Marítimo perante um Tondela mais expectante, mas com capacidade para, na transição, assustar a última linha madeirense.
Flávio Duarte concedeu 2 minutos de compensação. Manifestamente escasso, tendo em conta as paragens forçadas – e não forçadas – a que foi sujeito o jogo. O intervalo chegou com o nulo no marcador. Durante a pausa, belíssima exibição das atletas de Ginástica Rítmica do Marítimo, sob a orientação da Professora Michelle Salzano. Ainda mais cor num Caldeirão pleno de vivacidade, acção que também se inseriu na campanha de prevenção contra o Cancro da Mama.
Os homens de Tulipa voltaram ao relvado dos Barreiros sem alterações. Cann ameaçou, de longe, logo no minuto inaugural da segunda parte. Veio com fome o Leão do Almirante Reis. Entretanto, Tulipa mandou para aquecimento Tomás Domingos, Marcos Silva, Euller, Baraye e Bica.
O Tondela voltou a ameaçar Samu após um arremesso lateral. Descoordenação entre os centrais, Samu batido e a bola a sair pouco por cima da barra. Novo alerta auri-verde. O Caldeirão susteve a respiração. Cann, aos 53, foi agarrado quando lançava o ataque. Pouco depois, quando o Marítimo iniciava a construção a partir de Samu, Diogo Mendes foi surpreendido, perdeu a posse e o Tondela não perdoou. Diogo Mendes, incrédulo, queixou-se de falta. Flávio Duarte ouviu o VAR e concedeu golo.
Tulipa chamou de imediato Euller e Tomás Domingos. Saíram Cann e Igor Julião aos 60 minutos. Antes, novo amarelo para os beirões, reincidentes nas faltas que quebravam o ímpeto do Marítimo, muitas vezes sem a devida punição disciplinar por parte de Flávio Duarte.
Lucas Silva, pela esquerda, escapou a Aba e cruzou para Platiny. Felicidade e mérito do Tondela, a evitar que a bola chegasse em condições a Platiny. Na resposta, o Tondela dilatou a vantagem. Expectativa, no entanto, para confirmar a posição regular de Rui Gomes, o autor do golo. Confirmado o tento. O Tondela em vantagem por 2-0 aos 62 minutos.
Bica foi lançado aos 65 minutos, rendendo Diogo Mendes. 25 minutos para dar a volta. Lucas, após combinação com Euller, esteve perto de reduzir aos 70, mas Ricardo voltou a negar. O Caldeirão continuava a acreditar e Matheus confirmou. Pontapé de canto batido por Xadas e Matheus, de cabeça, a reduzir.
O Leão do Almirante Reis não se rende. Aos 74, cruzamento de Tomás Domingos e Euller, de cabeça, repôs a igualdade. Caldeirão em lava numa crença inabalável. Bica, aos 78, atirou fortíssimo à malha lateral. Sensação de golo nos Barreiros. Na reposição da bola em jogo, Flávio Duarte continuava a permitir que Ricardo demorasse o tempo que bem entendesse. Sempre a morder a presa, Euller divergiu da direita para o centro e atirou em arco. Ricardo viu a bola rasar o seu poste direito.
Tulipa voltou a mexer. Saíram Lucas e Noah, entraram Marcos Silva e China aos 81 minutos. 10 minutos para ganhar o jogo. Aos 90, Matheus Costa cabeceou para golo, mas Ricardo voo para negar a felicidade plena ao Marítimo.
Flávio Duarte concedeu 7 minutos de compensação. Nesse momento, Ricardo queixou-se e caiu no relvado. Nova paragem. O Marítimo continuava em busca da vitória. Platiny, de novo no lance, poderia ter feito o terceiro após cruzamento, quando se encontrava em posição privilegiada. No entanto, surgiu o corte para canto. O Caldeirão em brasa. Canto para o Marítimo, Matheus ganhou no ar e cabeceou um pouco por cima da barra. O Marítimo terminou o jogo a sufocar os tondelenses, mas o golo da felicidade não surgiu.
A crença do Marítimo e do Maritimismo merecia mais.