Em jogo histórico, a maior assistência de sempre num jogo de futebol feminino na Região. Maritimismo em grande exibição com quase 2000 espectadores
As Leoas do Almirante Reis, lideradas por Albano Oliveira, ascenderam ao Caldeirão para escrever História. Com elas, o Maritimismo em peso que não perdeu a possibilidade de testemunhar, in loco, o maior momento do futebol feminino do Marítimo e da Madeira: o primeiro jogo oficial da equipa feminina no altar do futebol madeirense, com 7 Madeirenses de Gema no ‘onze’. 1783 espectadores neste Domingo de Caldeirão. Recorde absoluto para o futebol feminino regional, um marco indelével e muito promissor para o que aí vem.
Telma Encarnação foi a primeira jogadora a tocar na bola. Mais uma nuance para a carreira da avançada. Continuando a perseguir registos inéditos, Telma Encarnação, no minuto inicial, apareceu isolada perante a guardiã famalicense, após passe primoroso de Érica Costa, mas o remate da internacional portuguesa foi sustido por Gabrielli. Insistiam as Leoas do Almirante Reis e Rebekka foi rasteirada. Livre para Érica Costa no lado direito do ataque e cabeceamento perigosíssimo de Telma Encarnação. Mais uma grande defesa de Gabrielli, mas Sandra Bastos, a melhor árbitra portuguesa de sempre, já havia assinalado falta de Telma. O Famalicão tremia perante um Marítimo impetuoso e um Caldeirão efervescente. Laura Luís, aos 4 minutos, recuperou a bola logo à saída da área famalicense e rematou, já em desequilíbrio, ao lado da baliza forasteira. 5 minutos de jogo e Bárbara Santos ainda não havia tocado na bola.
O Famalicão sacudiu a pressão e conquistou o primeiro canto da partida aos 8 minutos. Aos 12, Érica Costa também se isolou e, de novo, Gabrielli protagonizou uma excelente “mancha” a negar a vantagem do Marítimo. O Famalicão ripostou com um contra-ataque muito veloz pelo seu flanco esquerdo, a lateral ganhou a linha de fundo, puxou para o meio e atirou em arco para o ângulo superior esquerdo da baliza à guarda de Bárbara Santos. Mas o Marítimo tem Bárbara Santos. Que voo impressionante, que defesa antológica a evitar um golo que seria, também ele, antológico. Depois, na insistência, pontapé de bicicleta da avançada forasteira, por cima da barra, mas já com fora-de-jogo assinalado. Espectáculo no Caldeirão.
Telma Encarnação outra vez. A sociedades das Telmas a fazer desgraça aos 27 minutos, com a “baixinha” Pereira a lançar Encarnação, a melhor jogadora portuguesa da actualidade bateu as defesas em velocidade, Gabrielli saiu e encurtou ângulo, o que obrigou a 10 verde-rubra a contornar a guardião. Já com ângulo muito reduzido, o remate ainda foi desviado para a malha lateral. Canto para o Marítimo, alívio para o Famalicão, primor futebolístico no Caldeirão. O requinte continuou. Joana Silva, aos 31, executou perfeito cruzamento para o cabeceamento de Telma Encarnação by the book. Gabrielli voo para segurar uma bola que se encaminhava para o ângulo superior direito.
O Famalicão conquistou uma grande penalidade aos 42 minutos. Sandra Bastos considerou que Bárbara Santos derrubou a avançada. Na cobrança, Maria Negrão atirou por cima. O Caldeirão irrompeu num brado de regozijo. Tempo de compensação: 4 minutos. No 3º minuto de compensação, o Famalicão marcou. Kristina Maksuti saltou mais alto e desviou para o golo. Tremenda injustiça. O intervalo chegou com as forasteiras em vantagem.
As Leoas do Almirante Reis regressaram para a segunda-metade sem alterações. Entrada a rugir do Marítimo. Aos 3 minutos, passe de Érica Costa a rasgar o último reduto famalicense e a isolar Telma Encarnação. Com toda a calma e classe, a nossa pérola do Atlântico picou sobre Gabrielli e repôs o empate. O Caldeirão em ebulição com o primeiro golo oficial da nossa equipa feminina.
Albano Oliveira mexeu na equipa aos 65 minutos. A madeirense Nicole Nunes, contratada ao SC Braga, estreou-se com a ‘verde-rubra’, substituindo Mariana Jaleca. Nesta altura do jogo, a bola andava muito distante das balizas, imperando a disputa a meio-campo. Aos 73 minutos, Nicole Nunes testou a meia-distância, sem sucesso. Na resposta, Bárbara Santos esticou-se para segurar uma bola que levava destino certo. Logo depois, a melhor oportunidade da segunda-parte depois do golo de Telma Encarnação. Cruzamento do lado direito e Laura Luís a surgir sem oposição para um cabeceamento que também tinha as redes como destinatária certa. Gabrielli realizou mais uma grande defesa para amargura da sempre combativa Laura Luís, substituída aos 80 minutos por lesão. Bravo, Laura. Entrou Carlota Jardim.
O Marítimo queria mais. Aos 82 minutos, cruzamento com régua e esquadro de Rebekka, cabeceamento inapelável de Érica Costa ao segundo poste. GOOOOOOOOLO do Marítimo, outra erupção no Caldeirão e água na fervura depois dos festejos: Sandra Batos mandou aguardar. Em causa alguma possível infracção. 5 minutos de expectativa, exasperação no Caldeirão, nervosismo natural entre as hostes verde-rubras. Golo confirmado. De novo: GOOOOOOOOOLO DO MARÍTIMOOOOOO.
11 minutos de compensação a que não são alheios os 5 de espera para validar o golo de Érica Costa. O Famalicão, na primeira jogada após o reatamento, introduziu a bola na baliza de Bárbara Santos, mas Sandra Bastos já havia assinalado infracção atacante.
Albano Oliveira voltou a mexer. Saíram Érica Costa e Telma Pereira, entraram Catarina Abreu e Elly Amado. Até ao fim, muito sofrimento, muita alma e a alegria merecida. As Leoas do Almirante Reis entraram a ganhar na Liga BPI e coroam o baptismo de Caldeirão com uma imensa festa.
11 jogadores madeirenses actuaram neste jogo histórico. Notável. Érica Costa foi considera a “Melhor em campo’, depois de uma assistência e do golo da vitória.
Parabéns, Leoas do Almirante Reis . Obrigado, Maritimista que contribuíram para que o dia 17 de Setembro de 2023 fique eternizado na nossa História centenária