O Club Sport Marítimo celebrou o Dia Internacional da Mulher com uma homenagem a duas mulheres maritimistas: Marianela Oliveira ‘China’ e Júlia Sousa.
Marianela Oliveira e Júlia Sousa foram homenageadas pelo Club Sport Marítimo, recebendo uma placa comemorativa na praça das celebridades verde-rubras. Uma cerimónia que decorreu, nesta quarta-feira, 8 de março, no Complexo Desportivo do Marítimo e que contou com a presença do Presidente do Club Sport Marítimo, Rui Fontes, e com vários elementos da Direção do Clube.
Marianela Oliveira e o futebol feminino verde-rubro
No decorrer dos finais da década de 70 e no início da década de 80, uma onda de mulheres jovens na zona velha da cidade começou a praticar futebol espontaneamente e que se deveu, em grande parte, à livre acessibilidade ao campo do Almirante Reis. Em resposta a esta adesão e interesse crescente, o Marítimo criou e organizou uma equipa de futebol feminino.
Na ausência de competições oficiais, a equipa orientada, na altura, por José Manuel Reina apostava na realização de jogos amigáveis frente a outras formações que iam surgindo na Região Autonóma da Madeira.
A impressionante evolução desta equipa suscitou um grande entusiasmo, levando à organização de torneios com equipas forasteiras. O ringue da Escola Salesiana de Artes e Ofícios foi palco de vitórias triunfantes das verde-rubras sobre as mais formidáveis equipas de Portugal Continental.
A equipa feminina do Maritimo, fotografada no Estádio dos Barreiros.
Da esquerda para a direita — no primeiro plano: Lurdes, Balbina,
Manuela Tremura, Irene, Délia, Marianela (China), e Ana
Em segundo plano: Vera, Otília, Sabina, Luísa, Cecília, Paz, Betty e Jana.
Desta sensacional formação verde-rubra, destacaram-se Manuela Tremura (filha do lendário Raúl Tremura), Marianela Gonçalves (China) e Vera, que receberam um amplo reconhecimento nacional pelas suas competências em campo.
Estas três atletas foram naturalmente convidadas a integrar os trabalhos da seleção nacional, com o claro destaque para China, que foi a primeira madeirense a jogar pela seleção portuguesa, num jogo contra a França em 1983.
A internacionalização da verde-rubra foi um justo prémio pelo que fez de leão ao peito e, sobretudo, pelas capacidades futebolísticas evidenciadas pela atleta.
“Vários treinadores diziam que ela tinha um pé esquerdo como nunca tinham visto”, lembrou Manuela Tremura nas palavras dirigidas aos presentes na cerimónia. “Uma grande jogadora, uma grande atleta que fazia coisas maravilhosas com a bola”, finalizou, num discurso marcado por alguma emoção e nostalgia.
Júlia Sousa e a hegemonia da natação verde-rubra
No início da década de 60, a natação do Marítimo estava no seu auge. Foi campeão incontestado no plano regional, participando, através dos seus atletas, em provas nacionais e internacionais.
A equipa de nadadores que representaram o Marítimo nas provas nacionais em 1969.
Da esquerda para a direita, no primeiro plano:
Agostinho Sousa, Jorge Vasconcelos e Manuel Mota; no plano superior: Renato Abreu, Júlia Sousa e José Augusto Araújo.
Em 1963, o Marítimo enviou três nadadores aos campeonatos nacionais de natação, disputados em Braga. É o corolário de uma época em que os nadadores verde-rubros estabeleceram 24 novos recordes na Região Autónoma Madeira.
Em 1964 o Marítimo venceu todos os títulos de ‘campeões regionais’ das categorias de aspirantes e juniores, e a parte mais substancial dos mesmos títulos na categoria de seniores.
Mas o feito que orgulha os maritimistas e os madeirenses em geral, são os títulos nacionais, alcançados em 1965, quatro desses conquistados por Júlia Sousa em 200 metros livres, 100 metros bruços, 100 metros livres e 100 metros mariposa.
Em 1966, Júlia Sousa continua em destaque, com dois recordes nacionais em 100 metros bruços e 100 metros mariposa. A nadadora verde-rubra também esteve em destaque em 1967 nos Jogos Luso-Brasileiros realizados em Lisboa, alcançando o segundo lugar na prova de 100 metros mariposa.
No ano seguinte (1968), os nadadores verde-rubros derrubaram sete recordes absolutos da Madeira, referência máxima de uma época em que, dos juvenis aos seniores, o clube venceu a generalidade dos títulos em disputa. A complementar estes feitos, Júlia Sousa sagra-se campeã nacional dos 200 metros bruços (seniores).
“A Júlia foi provavelmente uma das atletas mais importantes que a Madeira tinha e manteve esse estatuto durante muitos anos”, referiu o Presidente da Assembleia Geral, José Augusto Araújo, ele próprio um dos grandes vultos da Natação verde-rubra.
“Era um exemplo para o desporto da Madeira e para o desporto português. O Marítimo na sua história sempre teve mulheres associadas e com grande relevo nos seus feitos e na sua história”, finalizou, José Augusto Araújo.
Júlia Sousa retirou-se em 1970 , mas construiu um verdadeiro legado, que perdura até aos dias de hoje.