Caldeirão em erupção para o jogo grande da jornada, um clássico do futebol português a caminho dos 40 anos consecutivos. Antes do jogo, tributo justo aos Iniciados do Marítimo, Campeões Regionais e com a responsabilidade de prolongar, na Fase Nacional, o legado que nos distingue: ao leme da Madeira desde 1910.
José Gomes promoveu alterações no “onze”, com Beltrame de regresso à titularidade e a estreia absoluta de Riascos com a “verde-rubra”. Foi o adversário a fazer rolar a bola, de imediato recuperada pelo Marítimo. Winck já ganhava metros e sofreu a primeira falta do jogo. Pressão alta do Marítimo a surtir efeito. Riascos invadiu a área, mas Marcano antecipou-se. O Porto ripostou, a defesa maritimista complicou e o Caldeirão assustou-se. Otávio atirou muito por cima da baliza à guarda do internacional georgiano Makaridze.
Winck protagonizou brilhante jogada pelo seu flanco à passagem dos 5 minutos. Ganhou a linha e cruzou, mas Riascos e Beltrame não chegaram a tempo para o desvio. Diogo Costa, atento, segurou. Personalizado o Marítimo na circulação de bola perante o campeão em título. A construir a partir da sua rectaguarda, o Marítimo atraía o Porto. Num lance pela esquerda, René Santos simula, dribla Bernardo Folha e é ceifado. Fábio Veríssimo, bem, admoestou o jogador portista. Continuava imperial o Maior das Ilhas. Bela jogada desde a esquerda até à direita. Léo Pereira combinou com Vítor Costa, o lateral viu Val Soares, o médio descortinou Xadas e o esquerdino rasgou a defesa contrária com um passe que permitiu a Winck cruzar sem marcação. Ao segundo poste, Riascos falhou o remate. Estava sem oposição o colombiano. O Caldeirão faiscava. 11 minutos, entrada de Leão do Almirante. O Porto voltou a assustar após falha no corte de Mosquera, mas a entreajuda verde-rubra afastou o perigo.
O Marítimo esteve, aos 27 minutos, muito perto do golo que já justificava. Léo Pereira foi lançado pela esquerda e, perante a oposição de Pepe, encontrou espaço para executar um cruzamento perfeito. Xadas apareceu de rompante e, de primeira, atirou fortíssimo. A bola passou a rasar o poste esquerdo de Diogo Costa. Logo depois, nova incursão de Winck pela direita, a ganhar canto. Após a conversão, Diogo Costa não arriscou e desviou para novo canto, entretanto rechaçado pelo Porto. O banco portista estava muito enervado. Um elemento da equipa técnica viu o cartão vermelho por protestos absolutamente injustificados. O jogo seguia, o Marítimo continuava a mandar. Xadas, com mais um míssil, obrigou Diogo Costa à defesa da noite. 32 minutos de jogo. O nulo era lisonjeiro para o adversário.
Xadas, sempre Xadas. 35 minutos, mais uma grande intervenção de Diogo Costa após disparo do “meio da rua”. Era o titular da Selecção o grande responsável pelo empate que se registava. De seguida, Riascos sofre falta dura na direita. Bernardo Folha viu o segundo amarelo e recebeu ordem de expulsão. O Porto estava reduzido a 10. Sérgio Conceição também viu o vermelho por persistir nos protestos. Semelante destino estava reservado para Pablo Moreno, expulso por acumulação. Inteligente o jogador do Porto a esperar por Pablo para sofrer o toque. Fábio Veríssimo concedeu 3 minutos de compensação e o intervalo chegou com as equipas empatadas para alívio dos forasteiros. A exibição do Marítimo só foi superada por Diogo Costa, o homem do jogo na primeira-parte.
O Marítimo regressou para a segunda-parte com três alterações. Val Soares, Léo Pereira e Riascos foram rendidos por Nito, Vidigal e Percy Liza. O Porto marcou aos 49 minutos. Grande remate de Wendell, indefensável para Makaridze. O adversário poderia ter dilatado a vantagem por Galeno. Aos 53 minutos, cruzamento da direita e o brasileiro falhou o alvo. Na jogada seguinte, o Porto voltou a marcar. Nova incursão pela direita e Galeno, sem marcação, redimiu-se e acertou nas redes de Makaridze.
O Marítimo reagiu. Após recuperação de bola no “miolo”, Vidigal libertou-se e atirou de muito longe, mas sem perigo para as redes de Diogo Costa. Aos 70 minutos, grande recepção de Winck a deixar para trás o oponente. Vidigal, em diagonal, ganhou a linha e cruzou com demasiada força. Boa jogada do Marítimo, mas a pecar na definição.
José Gomes voltou a mexer aos 73 minutos. Beltrame e René Santos cederam os seus lugares a Kanu e a Chucho Ramírez. Arriscava tudo o Marítimo à entrada do último quarto-de-hora. Aos 75, Kanu ganhou um livre na zona frontal. Xadas, na conversão, atirou ao lado. O Marítimo tinha bola, circulava, mas o Porto sustinha as investidas.
90 minutos. Mais 5 minutos para jogar. O Marítimo continuava a pressionar em busca de reduzir a desvantagem. Coeso, o último reduto forasteiro sustinha os ataques. Todo o futebol atacante insular passava pelos pés de Xadas, omnipresente, e Winck. Aos 93, Chucho quase chegava para o desvio. Pouco depois, Kanu cruza rasteiro e Diogo Costa, com uma palmada, antecipa-se a Chucho. O melhor em campo, Diogo Costa, voltava a evitar o golo do Marítimo.
Resultado muito inglório para o Marítimo, depois de uma primeira parte soberana. Pela frente, um inspiradíssimo Diogo Costa que impediu, por três vezes, a felicidade dos maritimistas que voltaram a encher o Caldeirão.
Continuamos juntos, Legião.